Pesquisa da startup to.gather mapeou estratégias das companhias para avançar na pauta; falta de investimentos e entrada do tema no escopo do RH dificultam avanços
Apesar do aumento da conscientização sobre diversidade, 58% das empresas avaliam que avançaram pouco ou pouquíssimo no tema nos últimos dois anos, aponta uma pesquisa da to.gather, startup focada em inclusão. Apenas 9,7% das companhias que responderam à pesquisa consideram que houve um ótimo avanço na agenda.
O mapeamento acompanhou que entre os grupos diversos, as mulheres são maioria nas empresas, com 39% da representatividade entre os funcionários. Em seguida estão pessoas pretas e pardas (31%), profissionais acima dos 50 anos (10,9%) e pessoas LGBTQI+ (10,1%). Entre os grupos com menor presença estão pessoas com deficiência (3%), neuroatípicas (2%) e pessoas trans e travestis, com apenas 0,9% de representatividade.
Nos cargos de liderança, o cenário é ainda mais excludente: mulheres representam 31%, enquanto pessoas negras são 17%. Profissionais com mais de 50 anos constituem 14% dos líderes, pessoas LGBTQI+ são 5% e neuroatípicos são 1%. Pessoas com deficiência e trans e travestis representam apenas 0,8% e 0,2% da liderança, respectivamente.
Como mudar o cenário?
Entre as ações afirmativas para mudar o atual panorama, a pesquisa identificou um aumento na criação de vagas voltadas para esses públicos, implementadas por quase 60% das companhias mapeadas. No entanto, essa foi a única política afirmativa que atingiu crescimento em comparação com 2022, com alta de 1,1 ponto percentual.
Outras ações sofreram uma queda na adoção desde a última pesquisa: programas de estágio ou trainee para grupos sub-representados são utilizados por 25% das empresas, uma redução de 5 pontos percentuais em relação à última pesquisa.
Políticas de equidade salarial e capacitações técnicas para minorias sociais são adotadas por 36% e 29% das empresas, mas sua utilização caiu 3% e 15% desde 2022, respectivamente.
Ações para garantir a inclusão na cultura têm maior adesão das empresas, como programas de letramento para funcionários, comunicação interna focada na diversidade, treinamentos para líderes e trabalhadores, criação de grupos de afinidade e capacitação dos profissionais de recrutamento e seleção. Pessoas LGBTQI+, transgênero e com mais de 50 anos são as que menos recebem vagas afirmativas, com apenas 14%, 13% e 11%, respectivamente.
Falta de investimentos
Os investimentos em diversidade e inclusão por partes das companhias ainda são pequenos: 26% investem menos de R$ 50 mil, enquanto 21% destinam até R$ 100 mil para financiar suas ações. Os maiores investimentos, acima dos R$ 700 mil, são maior ação apenas entre as grandes empresas, com mais de 10 mil funcionários.
Apenas 50,5% das companhias possuem uma estratégia formal implementada. A pesquisa aponta que o tema tem entrado cada vez mais no compromisso da área de recursos humanos, mas o setor ainda enfrenta desafios para implementar ações efetivas e de incluir a estratégia em seu orçamento.