Os cerca de 100 mil passageiros que usam o metrô de Belo Horizonte diariamente, conforme estimativa da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), precisaram encontrar alternativas ao transporte público em um a cada quatro dias de 2022. O desafio se repete a partir desta quarta-feira (14 de dezembro), quando os metroviários entrarão novamente em greve, em ato contra a privatização da empresa pública.
Ao todo, neste ano, conforme dados da CBTU, a operação dos trens foi afetada por movimento grevista em 99 dos 345 dias passados até essa segunda-feira (12), quando anunciada a paralisação total. Ou seja, os trens não vão rodar. Será a terceira vez em 2022 que o serviço é totalmente afetado. Também ocorreu em 25 e 26 de agosto e em 5 e 6 de outubro.
Nas demais paralisações, os metroviários operaram com escala reduzida, mas os horários foram distintos entre as próprias greves. Em alguns dias o serviço funcionou apenas nos horários de pico, enquanto em outros os trens não rodaram no período de maior demanda.
Relembre as greves
O metrô começou o ano de 2022 em greve, iniciada em 23 de dezembro de 2021. O ato durou até 8 de janeiro, com a operação dos trens ocorrendo apenas nos horários de pico, das 5h30 às 10h e das 16h30 às 20h.
Cerca de três meses depois, os metroviários anunciaram aquela que se tornaria a maior paralisação da história do metrô de BH. Entre 21 de março e 1º de maio, os trens funcionaram em escala mínima, mas, desta vez, das 10h às 17h, sem abranger os horários de pico. A operação foi afetada por 42 dias. Após promessas de diálogo por parte do governo federal sobre a condução da privatização do metrô de BH, a categoria suspendeu o movimento.
Os metroviários retomaram a greve em 25 de agosto, após o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovar a publicação do edital de concessão da CBTU à iniciativa privada. Por dois dias, os servidores paralisaram totalmente às atividades.
No dia seguinte ao início da greve, no entanto, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT-MG) estipulou escala mínima de 60% dos horários de operação habituais, sob pena de multa de R$ 35 mil para o sindicato em caso de descumprimento.
Com isso, os trens passaram a operar, a partir do dia 27, com 60% das viagens, distribuídas durante todo o dia, das 5h15 às 23h. Embora o metrô funcionasse no horário habitual, houve aumento do tempo de espera, que chegou a 25 minutos aos dias de semana — nos horários de pico eram 9 minutos — 25 aos sábados e 32 aos domingos.
A paralisação durou até 1º de outubro, e o movimento foi reestabelecido a partir do dia 2, domingo do primeiro turno das eleições. Nos dias 5 e 6 de outubro houve nova paralisação total, quando a categoria manifestou na Praça da Estação contra a privatização da CBTU.
À época, o TRT dobrou o valor da multa para o caso de descumprimento da determinação que exigia um mínimo de 60% dos trens rodando, mas, ainda assim, houve a paralisação.
Conforme o diretor da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), a paralisação atual só terá fim se o leilão, agendado para o próximo dia 22, for suspenso.
Em nota, a CBTU informou que ainda não foi notificada da decisão, mas que acionará a Justiça e que “tomará todas as medidas administrativas e judiciais cabíveis pela manutenção do transporte sobre trilhos na região metropolitana de Belo Horizonte”.