O período eleitoral é um momento que sempre gera grandes debates sobre política e movimenta aplicativos de mensagens e as redes sociais. Em 2018, por exemplo, muito se falou em brigas em grupos de família em razão de posicionamentos políticos. Um novo estudo busca entender as opiniões e as atitudes dos usuários em aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram.
A pesquisa foi realizada pelo InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social e tinha também como objetivo entender como os aplicativos de mensagens moldam a disseminação de conteúdo político e eleitoral e como definem o recebimento de informações por parte dos usuários nesses canais.
Foram ouvidos 2.018 brasileiros com 16 anos ou mais que têm acesso à internet e que usam WhatsApp e/ou Telegram, entre os dias 16 e 28 de dezembro de 2021. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais sobre o total da amostra, e o intervalo de confiança é de 95%.
Em dados qualitativos e quantitativos, os dados apontam para uma “nova ética” de convivência em grupos de mensagem. 58% das pessoas afirmaram que estão se policiando mais sobre o que falam em grupos. Em 2020, o número de pessoas equivalia a 40%.
É importante ressaltar que cerca de 99,8% dos entrevistados usam o Whatsapp e 43% são usuários do Telegram, um crescimento de 12 pontos percentuais em relação a 2020.
Redes sociais e eleições
Dos entrevistados, 44% acreditam que grupos de WhatsApp com muitas pessoas que não se conhecem são mais propensos a ter boatos e fake news do que em grupos menores. Além disso, na mesma tendência de 2020, as pessoas preferem interagir mais nos grupos com menos usuários do que nos maiores.
42% das pessoas afirmaram, ainda, já ter repassado notícias que consideraram importantes e interessantes mesmo sem checar as fontes. Em 2020, esse número era de 30%.
Outro dado observado mostra que 64% dos entrevistados evitam compartilhar mensagens que possam atacar valores de outras pessoas e 50% dizem evitar falar de política no grupo da família para fugir de brigas. Em 2020, nestes quesitos, as pessoas representavam 57% e 40%, respectivamente.
37% dos entrevistados afirmam também que, mesmo que acreditem em uma ideia e conteúdo, não o compartilham se achar que é ofensivo. Outro dado aponta ainda que 30% das pessoas consideram que, em alguma medida, mandar mensagens de humor é um jeito de falar sobre política sem causar brigas.
Dois em cada três respondentes afirmaram na data das entrevistas, em dezembro de 2021, que já estavam recebendo diferentes tipos de mensagens sobre a eleição presidencial de 2022. Entretanto, o número não se reflete no compartilhamento desses conteúdos porque 56% afirmaram que não repassavam conteúdos eleitorais.
O levantamento indica ainda que apenas 14% dos usuários do Whatsapp e 19% do Telegram confirmaram fazer parte de grupos de discussão política.